quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Capitulo 25. Encontro

Eu e Levy partimos em direção aos outros cômodos do local enquanto Vanessa, Marcos e Cacau ficaram esperando a nossa ronda. Vasculhamos todo o local e ele parecia não oferecer um perigo tão grande, encontramos poucos zumbis por lá, mas nada que nós não fossemos capazes de destruí-los, depois de 10 minutos nós voltamos para o ponto de encontro e vimos o pessoal, parece que eles não tiveram problemas por ali também, todos pareciam exaustos pois seus rostos demonstravam isso, eu estava exausto por causa da luta anterior, meu sangue ainda fervia e eu não queria ficar naquele maldito lugar, decidi então falar com Levy para sairmos dali o mais rápido possível, ele estava sentado num banco vendo o estoque de munições que ainda tinha e dando uma geral arma. Aproximei-me dele e num tom cansativo falei:

- Porra cara, eu não sei se é uma boa idéia ficar por aqui quando estamos tão desprotegidos, nós devemos sair daqui.

- Eu sei porra, vamos sair daqui o quanto antes, mas deixa o pessoal se recuperar primeiro. – Levy já não pareceu tão irritado quanto da última vez que nós trocamos algumas palavras, mas seu semblante sério ainda estava à mostra.

- Beleza então, vou aproveitar e me jogar numa cadeira dessas, também to cansado.

Eu então me sentei numa cadeira próxima a todo mundo, apesar de querer ficar sozinho não ia me dar ao luxo de ficar longe do pessoal caso alguma coisa acontecesse. O silêncio tomou conta de todos nós por um longo tempo, a única coisa que se ouvia era o barulho do vento lá fora, eu já estava ficando impaciente quanto a isso, não sei quanto tempo nós ficamos aqui, mas pra mim já foi tempo demais, decidi mais uma vez ir falar com Levy para irmos embora. Levantei subitamente da cadeira e andei a passos largos em direção a Levy, em frente a ele eu fiz menção em abrir a boca, mas um barulho fez com que todos nós nos puséssemos de pé, tiros foram ouvidos do lado de fora algo do como tiros de metralhadora, grunhidos de zumbis também foram ouvidos junto com gritos irreconhecíveis.
Levy foi o primeiro a fazer sinal para que todos nós ficássemos juntos e em silêncio, todos nós nos reunimos atrás dele enquanto ele devagar avançava para fora do local. A única coisa que deu pra ver foi um carro daqueles sem teto e três pessoas munidas de metralhadora destruindo cerca de uma dúzia de zumbis, eles pareciam satisfeitos com isso, quando o serviço havia terminado dois deles desceram do carro e vieram em direção à entrada do Centro da Moda. Levy então empunhou a doze, mirou no peito de um deles e gritou:

- QUE PORRA É ESSA AI? – O tom sério de Levy assustou um pouco um dos caras o mais alto, era moreno e tinha o cabelo raspado na máquina, mas depois do susto o cara se recompôs e gritou no mesmo tom.

- QUEM É QUE ESTÁ AI E QUANTOS D E VOCÊS SÃO?EU VI O CARRO DE VOCÊS AQUI FORA E VIM VER O QUE ESTAVA ACONTECENDO.

- NÃO INTERESSA A VOCÊS O QUE A GENTE TÁ FAZENDO AQUI, NÃO PRECISAMOS DA AJUDA DE VOCÊS E NEM QUEREMOS ISSO – A hostilidade no comentário de Levy foi tanta que até eu me assustei, eu nunca tinha visto Levy tão irritado assim.

- TÁ BELEZA A GENTE DEIXA VOCÊS EM PAZ, MAS QUANDO ESTIVEREM PRA MORRER, VÃO SE ARREPENDER – Pelos segundos da discussão eu fiquei analisado o perfil daquele homem, que me é muito familiar.

Quando a ultima palavra foi dita pelo homem, eu reconheci aquela voz e aquele jeito sarcástico de falar, eu acho que pelo bem de todos eu deveria interferir naquela discussão, então eu gritei:

- FUMANDO NÉ GAZELA – Todo mundo olhou pra mim com uma cara estranha e Vanessa sorriu de felicidade ao perceber que Gazela estava ali.

- PORRA FUFINHA, TU TÁ VIVO MANOLO – Ele então abaixou a arma e começou a caminhar em direção à entrada onde estávamos escondidos.

Levy fez menção de atirar, mas coloquei a mão no ombro dele num movimento de ‘está tudo bem’ e ele compreendeu que eu conhecia aquele cara.
Finalmente mais sobreviventes...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Capitulo 24. Descanso Momentâneo

No carro, Levy dirigia rápido pela rua, alguns zumbis freqüentemente apareciam e eram atropelados por Levy, estávamos todos ansiosos para sair dali, mas para onde iríamos? Não havia lugar seguro por ali e eu já estava ficando com fome. Levy xingava algumas coisas enquanto dirigia, Marcos estava atônito a toda a situação:

- Primeiro Kerekexe, depois Biel e Almino, quantos mais terão que morrer até essa porra acabar? – A voz dele mal conseguia ser ouvida.
- Tu num ta num jogo de videogame não porra, essa é a NOSSA realidade e tu vai ter que se acostumar com isso caralho! – Levy falou num tom de voz sério para Marcos, enquanto dobrava uma esquina.

Levy seguiu em direção à praça do II, mas só para fazer o retorno, nós então passamos pela antiga resistência a casa de Levy, a porta da lan house que funcionava embaixo da casa de Levy estava completamente destruída e não tinha sinal daqueles desgraçados por ali. Ele seguiu em frente e ninguém olhou pra trás, eu estava ficando relaxado e meus músculos doíam muito, o esforço excessivo fez com que meus músculos doessem cada vez mais.
Levy seguiu em direção a Peixinhos e pegou a avenida destruída, ele fazia o mínimo de barulho possível para não alarmar os zumbis que estavam ali. Ele dirigiu até o inicio do Giradouro e parou em frente ao Centro da Moda.

- É melhor a gente parar e descansar por aqui – Levy falou ainda sério.
- Mas, essa porra ta segura? – Eu falei enquanto analisava o local por inteiro.
- E tu acha que eu ia ‘fuder’ a gente? – Levy retrucou olhando pra mim.
- Beleza, se tu diz que essa porra ta segura, eu confio em tu – Ainda um tanto intrigado com a situação, respondi a ele.
- Eu também – As vozes de Marcos, Cacau e Vanessa foram ouvidas logo após a minha.

Levy desligou o carro e abriu a porta devagar segurando sua ‘doze’, eu estava logo atrás com a minha faca. O portão principal do Centro da Moda estava escancarado e destruído, como tudo dentro dele. Era possível ver alguns zumbis correndo na direção de Levy que sem esforços derrubou-os com coronhadas na cabeça, parece que a adrenalina ainda corre no sangue dele. Levy então começou a andar em direção a entrada e todos nós estávamos atrás dele sempre atentos ao mínimo barulho que se sucedesse perto de nós. A entrada do Centro da Moda estava manchada de sangue, não como os outros lugares, mas pior. Numa marcha forçada todos nós acompanhamos Levy que não mediu esforços pra matar os zumbis que vinham de vez em quando à nossa direção.
A porta principal do lugar estava estilhaçada e alguns corpos completamente devorados eram freqüentemente vistos por nós, lá dentro não estava tão melhor do que lá fora, a freqüência que éramos atacados por zumbis foi aumentando e eu tive de me juntar a Levy para mata-los. Chegamos ao local onde antigamente era usado para tirar a identidade das pessoas, as cadeiras estavam reviradas, o sangue tomava conta do local, as paredes estavam vermelhas e o mau cheiro impregnava as minhas narinas, muitos e muitos corpos estavam jogados no chão, os computadores estavam revirados juntamente com as bancadas. Eu me jogo numa cadeira e tento relaxar um pouco, todos fazem o mesmo menos Levy que fica em pé observando o resto do local.

- Acho que aqui a gente pode descansar um pouco. – Levy falou enquanto sentava-se numa cadeira e deixava sua ‘doze’ em cima das pernas.
- Porra, eu não gosto da idéia de ficar tão longe do carro. – Falei virando-me para Levy.
- A gente não vai morar aqui porra, a gente vai só descansar um pouco. – Levy um pouco irritado olha pra mim.
- Ta beleza, ta beleza. A gente vai ter que fazer uma ronda maior e melhor aqui, afinal de contas, a porra do portão tava ‘fudido’ demais pra gente fechar.

Eu me levantei com a minha faca ainda em mãos e Levy foi logo atrás, não podemos vacilar ou vamos morrer...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Capitulo 23. Morte e Sangue

Empunhando a faca, fiquei apenas observando silenciosamente o que se passava, Levy estava dando ultimas instruções a Biel. Marcos e Almino estavam um tanto receosos e eu os entendo, enfrentar uma manada não vai ser nada fácil.
Levy então fez um gesto para que eu abrisse a porta, ele não parecia nervoso nem nada, estava com um olhar frio e parecia inabalável. Enquanto caminhava em direção à porta era possível ouvir os gemidos dos monstros que logo iríamos enfrentar, não sei quantos estão lá fora e nem sei se realmente quero descobrir, mas esses filhos da puta já desgraçaram a minha vida demais e agora eu vou ‘fuder’ com eles.
Devagar eu encosto a minha mão na maçaneta e abro a porta, quando os primeiros zumbis começam a aparecer todos nós vamos pra cima deles.

- Golpeiem esses putos na cabeça – Gritou Levy enquanto acertava alguns zumbis.

Eu estava próximo a porta e golpeava os zumbis que cada vez entravam mais rápidos. Cinco, Dez, Quinze, Vinte. Logo a entrada da Artol estava tomada por zumbis caídos e muitos outros entravam pela porta.
O êxtase da batalha não nos fazia parar, a adrenalina pulsava por cada veia do meu corpo enquanto eu cortava mais e mais os zumbis que vinham em minha direção e quanto mais eu os golpeava, mais apareciam.

- Essa porra NUNCA vai acabar? – Exclamei ao ver a quantidade de zumbis caídos e a horda que ainda entrava pela porta...

- Cala a boca e mata porra – A voz de Levy pode ser ouvida a alguns metros pelo grito que ele deu.

Meus braços começavam a pesar, meu corpo estava ficando ‘travado’ mas eu não posso parar.

- CACETE... – Ouviu-se a voz de alguém, que não consegui assimilar por causa da batalha.

Eu decidi então ir ver o que estava acontecendo, abrindo caminho entre os corpos de zumbis e outros zumbis que ainda estavam em pé, consegui chegar próximo ao ‘foco’ do grito.
Almino estava encostado numa parede e cercado de zumbis, ele segurava alguma coisa que eu não consegui ver direito, então ele gritou novamente:

- Vão embora, vão embora, eu vou ferrar esses miseráveis. – Pela voz dele era perceptível que ele estava muito machucado.

- Que porra é essa que tu ta segurando?! – Exclamei

- É uma granada, tu acha difícil comprar essas porras pelo Ebay? Vou explodir essa ‘bagaça’ agora e ferrar a maior quantidade de zumbis que eu puder – Almino ainda teve condições de rir da situação.

- Levy ‘vamo’ sair daqui, não dá pra gente continuar – Exclamei enquanto corria em direção ao carro onde Biel se encontrava.

- Ta certo, porra pessoal ‘vamo’ nessa, o que aconteceu? – Levy exclamou um pouco longe.

Quando cheguei próximo ao carro, vi Biel encostado no capô, sangrando e quase desmaiado. Não tive tempo de reagir quando Levy apareceu e deu uma paulada na cabeça de Biel que o fez desmaiar.

- Tá todo mundo aqui cacete? – Levy impaciente entrou no carro e o ligou.

- Tô logo atrás de tu, porra – Eu falei entrando também no carro.

Fui seguido por Vanessa, Marcos e Cacau que entraram no carro logo em seguida. Levy deu partida no carro e saiu pela esquerda da Artol. Logo atrás de nós foi possível ouvir o barulho de uma explosão e o fogo tomou conta da entrada da Artol. Almino havia explodido sua granada, ele morreu, mas nos salvou.

- Pra onde a gente vai agora cacete? – Falei olhando para Levy.

- Sei lá caralho, cala a boca e me deixa dirigir. – Ele estava muito irritado e seguiu caminho em direção a praça de Jardim Brasil II.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Capitulo 22. Manada

A noite correu tranqüilamente e o sol mais uma vez veio ao céu, alguns já haviam se levantado outros permaneciam dormindo. Eu estava acordado era a minha vez de fazer ‘tomar conta’ dos zumbis. As palavras de Cacau ainda soavam na minha cabeça, não estava com sono, nem cansado. Permanecia acordado com a arma em punho, passei um bom tempo pensando em como Kerekexe havia morrido, como eu o havia matado e decidi que levaria as coisas mais a sério agora afinal de contas, quando se está sozinho viver ou morrer não é tão importante qualquer deslize você morre, só você. Mas quando se está sobrevivendo em conjunto, um deslize e você mata todo mundo, não sei há quantas horas estou acordado, mas não me interessa, não vou matar mais ninguém aqui.
Depois de um tempo, Vanessa sai da Artol e caminha em minha direção com alguns pães:

- Bitcho, ta ai teu café da manhã. – Sorridente como sempre ela falava.
- Valeu, Vanessa. Mas não estou com fome. – Com um olhar atento aos zumbis que batiam na porta de vez em quando eu respondo a ela.

- Tu tem que comer porra, saco vazio não para em pé. – Ela estava bem séria dessa vez, resolvi não contraria-la.

Peguei um pão e mordi um pedaço bem pequeno, mas ela me forçou a comer o pão inteiro.
Estávamos conversando besteiras de antigamente, quando um zumbi bem gordo esbarra no portão:

- Porra, que merda é essa? – Exclamei com a mão na boca

O zumbi estava sem metade da barriga e com apenas um braço, ele começou a bater na porta freneticamente então eu atirei nele e finalmente ele se calou tombando no chão.
Já estava próximo a hora do almoço, quando Cacau nos chamou para comer. Ela já não me olhava com aquele olhar tão severo, mas ainda me encarava com a cara fechada.
Todos nos sentamos no chão e começamos a comer:

- Como ta a tua horta Marcos, gostando de brincar de ‘Colheita Feliz’? – Levy fala brincando.

- Essa porra é foda, to aqui cheio de calos por causa disso. – Marcos respondia soltando um sorriso amarelo para Levy.

Eu havia terminado de comer mais rápido que os outros, eu só havia engolido a comida, me levantei e voltei para o meu ‘posto’.
Subi as escadas rapidamente e me sentei no muro, observando a paisagem devastada, tudo estava morto.
O susto foi grande, quando eu vi uma gigantesca quantidade de zumbis correndo em nossa direção. Virei-me rápido e gritei:

- Porra, zumbis a vista, são muitos.

Todo mundo se levantou e empunhou um tipo de arma. Eu e minha Glock, Levy e sua ‘Doze’, Marcos pegou uma enxada, Cacau, Vanessa e Almino pegaram facas. Biel ficou com a chave do carro na mão, qualquer coisa a gente ia ‘picar a mula’, rapidinho.
Levy subiu as escadas e olhou pra quantidade absurda de zumbis que estava vindo em nossa direção, ele virou pra Cacau e disse:

- É uma ‘manada’ e das grandes, se preparem porque o pau vai cantar.

Ele então desceu e nós ficamos esperando os zumbis aparecerem, quando já estavam na minha mira eu comecei a atirar.
Levy então dá um grito:

- Isso é uma ‘manada’ porra, é uma quantidade absurda de zumbis que se juntam e correm em direção a qualquer barulho, quanto mais tu atirar, mais deles vão aparecer. – Ele estava um tanto irritado, mas dava para ver em seus olhos que ele tinha sede de sangue.
- Então fudeu, ‘vamô’ partir pro mano a mano com esses zumbis? – Um tanto assustado eu estava, nunca havia visto essa quantidade de zumbis.
- Aquele tiro que tu deu mais cedo, deve ter chamado a atenção deles, agora eles vieram para um ‘lanchinho’.


Então eu coloquei a Glock no bolso e retirei da calça a minha velha faca.
Mais uma vez eu fodi tudo mundo.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Capitulo 21. Funeral

Após entrar na ‘nova casa’ eu finalmente me sinto mais tranqüilo, consigo até relaxar as mãos que viviam próximas à cintura onde guardava minha arma. O local era grande e bem dividido, com paredes e o chão em coloração vermelho, tinha pequenas divisões de paredes que o pessoal colocou uns lençóis tipo ‘cortina’, O local era iluminado por lâmpadas fosforescestes e a energia era tirada de um dos tantos geradores que havia ali. Mais atrás tinha uma outra saída, mais tarde eu poderei olhar o local.
Cacau então olha pra Marcos e diz:

- Ô projeto de demônio, vai colher umas verduras lá atrás. – Ela parecia um pouco tensa, mas todos nós estamos tensos desde que toda essa merda começou.

- Beleza – Foi a única resposta do meu irmão que foi andando lentamente para os fundos.

- ‘Perai’ que eu vou contigo – Disse uma voz que eu demorei a recordar, mas quando o dono da voz apareceu eu me lembrei que era Almino.

Os dois partiram em direção aos fundos e Cacau começou a me olhar estranho, um olhar severo, triste e vago ao mesmo tempo, ela começou a caminhar até mim e me deu um soco na cara, eu fui pra trás um pouco mas não cai.

- TU MATOU O MEU IRMÃO FILHO DA PUTA! – Ela deixava escorrer algumas lágrimas enquanto falava aquilo.

Abaixando a cabeça, eu agora sei o que é que Levy, Biel e Cacau conversaram enquanto eu estava entrando.

- Se tu quiser me matar, ‘tem treta não’, todo mundo vai morrer mesmo, pelo menos eu fico livre dessa porra primeiro que vocês. – Eu levanto a cabeça e encaro Cacau nos olhos.

Ela me fita com aquele olhar e se vira, eu me sento em algum canto e começo a pensar em quanta merda eu vivi pra chegar até aqui. Alguns minutos depois Vanessa senta perto de mim e me da um beijo na bochecha sorrindo.

- Não liga não, ela anda estressada esses últimos dias. – Ela continua sorrindo e me abraça de novo.
- Eu não ligo, por minha causa Kerekexe está morto, ela pode fazer o que quiser.

O silêncio toma conta do local, a única coisa que se ouve são os grunhidos medonhos dos zumbis que ficam batendo na porta e as gargalhadas de Marcos nos fundos.
Depois de quase uma hora, Marcos já havia voltado e colhido uns tomates e umas alfaces.
Conseguimos uma refeição não tão boa, mas nutritiva, logo depois do almoço, quando Cacau havia contado a todos os recém acontecimentos, todos fomos para fora da Artol. Alguém conseguiu fazer uma cruz de madeira que fincamos no chão, como se estivéssemos enterrando Kerekexe naquele momento, Cacau olha pro céu azul, sem nuvens e fala:

- Ele era um bom irmão, mesmo que a gente brigasse tanto.
- É... Ele era um cara ‘du caraio’ – Levy completa a frase de Cacau.

O ‘funeral’ durou mais algum tempo, quando já estava anoitecendo todos entraram na Artol e fomos descansar, enquanto Levy fazia um turno de vigília.
Nada além dos grunhidos se ouvia e um vazio começava a tomar conta de mim.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Capitulo 20. Salvos, por enquanto.

O silêncio que se abateu por nós foi quebrando gradualmente enquanto outras pessoas da resistência iam chegando, eram elas Cacau(a irmã de Kerekexe), uma garota alta e ‘fortinha’, com um piercing na sobrancelha e o cabelo bem curto, é a primeira a aparecer. Ela abre um sorriso assim que vê Levy e corre pra abraça-lo, um rapaz magro e alto chega logo em seguida, demoro um tempo para perceber que aquele cara é meu irmão, ele está diferente, com o cabelo cortado, se minha avó o visse agora diria “Esse ai ta parecendo gente agora”, apesar de mais magro do que o normal, ele vem em minha direção e me dá um ‘cascudinho’, eu só riu e dou um ‘chutinho’ nas pernas dele. Lá de dentro ou ouço um ‘grito’ de uma pessoa. “Haha, eu reconheço esse escândalo todo de longe” – Eu voava nos pensamentos imaginando minha avó falando aquilo. E como eu disse, uma garota sai de dentro das portas da Artol e corre em minha direção ‘se jogando’ em cima de mim e diz:

- Porra bitcho, tu ta vivo porrinha... – Dizia ela sorrindo e me dando um beijo na bochecha.
- E tu acha que eu vou morrer assim tão fácil Vanessa? – Rindo eu a abraço e dou um beijinho na testa dela.

Vanessa era uma grande amiga minha nos tempos de vadiagem no 13 de Maio, uma garota da minha altura, com cabelos curtos e pretos, magra até demais.

- Então, são só vocês? – Eu olho ao redor enquanto aceno para Cacau.
- Não mane, o Almino ta lá dentro lendo algumas revistas de computadores, ele ainda quer ser um ‘TECNONERD’, mesmo com essa coisa espalhada por aqui. – Marcos falava enquanto todo mundo caminhava pra dentro da Artol.

Levy, Cacau e Biel conversavam sobre algum assunto que eu não conseguia entender, na verdade eu nem queria entender... “Porra, meu irmão ta vivo, nunca pensei em agradecer um negocio desses, mas nas atuais condições, quanto mais gente viva, melhor” – Eu pensava comigo mesmo.
O sol já queimava minha cabeça, acho que é hora do almoço.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Capitulo 19. A Outra Resistência.

O caminho da Cruz Cabugá até a Presidente Kennedy foi terrível, Levy não falava nada, mas eu sabia que ele estava muito puto comigo, mas também eu sei a merda que fiz.
Já na Avenida consigo ver realmente o estrago que foi feito, não havia reparado nas condições que ela se encontrava da última vez que passei por aqui. Tudo destruído, vários carros batidos e virados, muito sangue, muitos corpos, uma desgraça total, desde que essa merda começou a não lembro quanto tempo TUDO virou uma grande bola de merda.
O caminho da Avenida até a entrada de Jardim Brasil foi tranqüilo aqueles monstros não nos atazanaram tanto, Levy então fala sua primeira frase em 30 minutos:

- Pega a porra do Walk Talk que ta na minha mochila. E passa pra cá... – Ele parecia calmo demais, e isso é o que me dava mais remorso.

Eu virei de costas e fui na mochila dele procurar o Walk Talk, depois de um tempo eu encontro desligado jogado no fundo da mochila, eu pego e dou a ele.
Levy liga o Walk Talk e sintoniza-o enquanto aperta o botão de ‘falar’.
Enquanto ele faz isso eu consigo ver como as ruas foram tomadas e como a desgraça se alastrou pelo meu bairro. “Será que foi rápido?” “Quanto tempo demorou?” “Quem sobreviveu?”, eram perguntas que eu me fazia naquele momento, me perco em pensamentos mas ‘volto’ a realidade quando ouço Levy finalmente falar no Walk Talk:

- É ‘nois’ que voa bruxão.

Não entendo o que ele quis dizer, mas passávamos perto da ‘Artol’ quando ele disse isso e parou o carro. Rapidamente o portão da ‘Artol’ se abre e Levy põe o carro pra dentro. A Artol era um lugar grande de muros vermelhos que ficava próximo ao terminal de ônibus de Jardim Brasil II, costumava ser uma antiga fábrica ou coisa do tipo, sei lá, nunca me interessei por aquela merda. Mas parece que essa merda vai salvar o dia, eu espero que sim.
Não consigo ver quantas pessoas estavam do lado de fora do carro, não via muitas pessoas.
Levy então sai do carro e eu corro ao encalço dele, finalmente vejo que quem abriu os portões para nós foi Gabriel, ‘Biel’, ‘Costa de Vaca’, ‘Joana Bezerra’... Gabriel era um cara alto e bastante gordo, dos olhos claros e do cabelo loiro que nós dizíamos antigamente ser irmão gêmeo de Kerekexe. Levy e Biel se olham um tempo e depois se abraçam, eu fico apenas ali encolhido atrás de Levy. Biel então inicia uma conversa:

- E ai ‘Dromedário’, porque tu demorou tanto pra aparecer? O pessoal tava ficando preocupado, cadê Kerekexe e o ‘fi do demônio’?.

Eu apareço por detrás dos ombros de Levy e dou um sorriso ‘amarelo’, só aceno para Biel. Enquanto Levy abaixa a cabeça e sussurra:

- Kerekexe ta morto, ele morreu lá na lan house a alguns dias, ou semanas.

Todos nós abaixamos a cabeça, eu aperto as mãos na perna, foi culpa minha.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Capitulo 18. Banho de Sangue

Aquela manhã estava começando de ‘pé direito’, não encontramos tantos zumbis por ai, mas tivemos um trabalho a mais quando o carro começou a dar sinal de falta de gasolina.
Tivemos que dar uma parada para ir num posto de gasolina e torcer para que ainda houvesse gasolina lá, andando por cerca de um ou dois quilômetros encontramos um posto de gasolina todo destruído, a loja de conveniência estava totalmente arrombada e fudida, pelo menos a bomba ainda estava lá.

Levy então para o carro e rapidamente abre a porta segurando sua ‘doze’ corre em direção a bomba e aperta o gatilho da mesma, eu saio do carro logo em seguida com minha Glock em mãos e fico de olhos bem abertos para que nenhum filho da puta de um zumbi nos pegue desprevenidos.

- Essa porra ta acabando tem bem pouca gasosa aqui. – Levy falou um tanto irritado pra mim.
- Enche essa merda desse tanque logo, nem quero ficar muito tempo aqui, ‘fela’ da puta. – Retruquei olhando em todas as direções

Levy então pega a mangueira e começa a encher o tanque do carro, em cerca de 1 minuto e meio para tirar a ultima gota de gasolina, ele então joga a mangueira no chão e diz:
- ‘Vamo’ nessa porra...
- ‘Perai’ cacete, ‘deixa eu’ ver se tem cigarro naquela merda ali.
- Porra, tu quer fuder a gente é? – Levy realmente estava estressado
- Relaxaê porra, eu to afim de um cigarro a muito tempo. – Falei calmo, mas na verdade eu não estava querendo encontrar um zumbi daqueles ali, mesmo sabendo que eu ia encontrar, já havia assistido muitos filmes em que sempre saiam das lojas de conveniências a porra de zumbis do caralho.

E começo a caminhar com a arma empunhada para a loja de conveniências, estava apreensivo, ansioso, se fosse pra sair um zumbi dali que saísse logo, não queria ficar naquela angustia fudida. Eu então pego uma pedrinha do chão e sacudo dentro da loja, a pedra bate num vidro e estilhaça o mesmo, em um piscar de olhos quatro zumbis aparecem, dois deles magros de poucos cabelos, e os outros dois extremamente gordos e com marcas de garras na face. Começo a tremer e dou um tiro em um deles que avança em cima de mim rapidamente, o acerto no braço e ele vai pra trás e logo começa a vir em cima de mim novamente, dessa vez respiro fundo e atiro na cabeça dele que cai duro no chão, o zumbi gordão corre e agarra meu braço, mas um barulho alto de tiro faz com que ele caia no chão. Levy estava me ajudando e resmungava umas palavras que eu não ouvia, quando os outros dois zumbis se aproximaram correndo eu atiro em um e Levy atira no outro. O sangue respinga em mim, na verdade praticamente levo um banho de sangue deles, eu só penso em correr abro me viro e abro rapidamente a porta do carro, entrando com Levy logo ao meu encalço.
O barulho fez com que outros zumbis aparecessem, eles começavam a correr atrás do carro que ia a quase 100km por hora logo deixamos eles pra trás e eu finalmente consigo respirar direito. Levy olha feio pra mim, eu sei que fiz merda. Mas porra, como estava louco com um cigarro.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Capitulo 17. Um novo dia

O sol ia aparecendo aos poucos mostrando o fim daquela noite assustadora, à noite em que quase morri a noite em que todos os meus esforços seriam jogados fora.
Mas isso não me abalou, estava acostumado a viver situações de perigo mesmo antigamente quando fingia pro meu pai que ia pro colégio e ficava de vadiagem na cidade com meus amigos. Tudo tão natural pra mim, o silêncio tomava conta do local não tinha porque ficar de conversa fiada ali estávamos exaustos.
Respirava fundo enquanto o suor descia pelo meu rosto e meus olhos começavam a pesar, eu mal conseguia ficar em pé quanto mais me manter acordado. Olhei pro lado e vi Levy exausto e ensopado de sangue, ele se levantou e com um aceno de mão disse:
- Eu vou me lavar, não quero essa merda impregnada em mim.
Eu apenas me deitei na escada e fiquei olhando o teto e imaginando como as coisas devem estar feias não só por aqui, mas e se essa merda toda se espalhou pelo Nordeste? Pelo Brasil? Pelo MUNDO? Enchi a cabeça com esses pensamentos vagos que me levaram a esquecer o sono e me deixaram cair num misto de imaginação e realidade cruel. Via-me no meio dos filmes de Zombies que eu tanto assistia, uma cidade deserta com tudo destruído, carros virados, máquinas destroçadas. Mas um barulho me fez voltar ao ‘mundo real’, batidas na porta de vidro, arranhões e pequenos grunhidos me fizeram perceber que havia mais Zombies por ali. Levantei-me rápido e saquei minha arma com maestria e mirei neles, só assim para me fazer perceber que eu já estava ficando paranóico, na verdade não havia nada ali a não ser o vento que chacoalhava uma árvore e a mesma soltava algumas folhas secas pelo chão.
Demorou um pouco até Levy aparecer novamente, com o rosto molhado e de cara feia pro meu lado, mas até me acostumei que essa cara ele anda fazendo desde a primeira vez que nos vimos. Ele então recolhe a arma dele do chão e vai subindo as escadas.
- É melhor a gente sair logo daqui, sabe-se lá se outra merda dessas vai acontecer. – Ele falou com a voz rouca de sempre.
- Putz... E a gente vai pra onde? – Indaguei enquanto bagunçava os cabelos.
- Pra onde acha que vamos? Voltar pra ‘Jardel’ é claro. Lá é muito mais seguro. – Ele completou a frase e desapareceu nas escadas.
Fui logo atrás dele, não tinha a mínima pressa de sair dali estava cansado e com sono, queria só dormir. Meu desânimo era tanto que não reparei que estava morrendo de fome, caminhei até a ‘dispensa’ e peguei alguns biscoitos, me sentei e fiquei comendo. Mais tarde Levy me chamou e começou a colocar os suprimentos numa mochila, guardando o máximo possível.
Nós então descemos as escadas e sacamos as armas, ficávamos de olho em qualquer movimento na rua, logo que entrei no carro tranquei a porta e Levy entrou logo em seguida, dando partida no carro saímos em disparada para a Av. Cruz Cabugá. Aquele dia começou bem.