segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Capitulo 17. Um novo dia

O sol ia aparecendo aos poucos mostrando o fim daquela noite assustadora, à noite em que quase morri a noite em que todos os meus esforços seriam jogados fora.
Mas isso não me abalou, estava acostumado a viver situações de perigo mesmo antigamente quando fingia pro meu pai que ia pro colégio e ficava de vadiagem na cidade com meus amigos. Tudo tão natural pra mim, o silêncio tomava conta do local não tinha porque ficar de conversa fiada ali estávamos exaustos.
Respirava fundo enquanto o suor descia pelo meu rosto e meus olhos começavam a pesar, eu mal conseguia ficar em pé quanto mais me manter acordado. Olhei pro lado e vi Levy exausto e ensopado de sangue, ele se levantou e com um aceno de mão disse:
- Eu vou me lavar, não quero essa merda impregnada em mim.
Eu apenas me deitei na escada e fiquei olhando o teto e imaginando como as coisas devem estar feias não só por aqui, mas e se essa merda toda se espalhou pelo Nordeste? Pelo Brasil? Pelo MUNDO? Enchi a cabeça com esses pensamentos vagos que me levaram a esquecer o sono e me deixaram cair num misto de imaginação e realidade cruel. Via-me no meio dos filmes de Zombies que eu tanto assistia, uma cidade deserta com tudo destruído, carros virados, máquinas destroçadas. Mas um barulho me fez voltar ao ‘mundo real’, batidas na porta de vidro, arranhões e pequenos grunhidos me fizeram perceber que havia mais Zombies por ali. Levantei-me rápido e saquei minha arma com maestria e mirei neles, só assim para me fazer perceber que eu já estava ficando paranóico, na verdade não havia nada ali a não ser o vento que chacoalhava uma árvore e a mesma soltava algumas folhas secas pelo chão.
Demorou um pouco até Levy aparecer novamente, com o rosto molhado e de cara feia pro meu lado, mas até me acostumei que essa cara ele anda fazendo desde a primeira vez que nos vimos. Ele então recolhe a arma dele do chão e vai subindo as escadas.
- É melhor a gente sair logo daqui, sabe-se lá se outra merda dessas vai acontecer. – Ele falou com a voz rouca de sempre.
- Putz... E a gente vai pra onde? – Indaguei enquanto bagunçava os cabelos.
- Pra onde acha que vamos? Voltar pra ‘Jardel’ é claro. Lá é muito mais seguro. – Ele completou a frase e desapareceu nas escadas.
Fui logo atrás dele, não tinha a mínima pressa de sair dali estava cansado e com sono, queria só dormir. Meu desânimo era tanto que não reparei que estava morrendo de fome, caminhei até a ‘dispensa’ e peguei alguns biscoitos, me sentei e fiquei comendo. Mais tarde Levy me chamou e começou a colocar os suprimentos numa mochila, guardando o máximo possível.
Nós então descemos as escadas e sacamos as armas, ficávamos de olho em qualquer movimento na rua, logo que entrei no carro tranquei a porta e Levy entrou logo em seguida, dando partida no carro saímos em disparada para a Av. Cruz Cabugá. Aquele dia começou bem.