terça-feira, 6 de abril de 2010

Capitulo 19. A Outra Resistência.

O caminho da Cruz Cabugá até a Presidente Kennedy foi terrível, Levy não falava nada, mas eu sabia que ele estava muito puto comigo, mas também eu sei a merda que fiz.
Já na Avenida consigo ver realmente o estrago que foi feito, não havia reparado nas condições que ela se encontrava da última vez que passei por aqui. Tudo destruído, vários carros batidos e virados, muito sangue, muitos corpos, uma desgraça total, desde que essa merda começou a não lembro quanto tempo TUDO virou uma grande bola de merda.
O caminho da Avenida até a entrada de Jardim Brasil foi tranqüilo aqueles monstros não nos atazanaram tanto, Levy então fala sua primeira frase em 30 minutos:

- Pega a porra do Walk Talk que ta na minha mochila. E passa pra cá... – Ele parecia calmo demais, e isso é o que me dava mais remorso.

Eu virei de costas e fui na mochila dele procurar o Walk Talk, depois de um tempo eu encontro desligado jogado no fundo da mochila, eu pego e dou a ele.
Levy liga o Walk Talk e sintoniza-o enquanto aperta o botão de ‘falar’.
Enquanto ele faz isso eu consigo ver como as ruas foram tomadas e como a desgraça se alastrou pelo meu bairro. “Será que foi rápido?” “Quanto tempo demorou?” “Quem sobreviveu?”, eram perguntas que eu me fazia naquele momento, me perco em pensamentos mas ‘volto’ a realidade quando ouço Levy finalmente falar no Walk Talk:

- É ‘nois’ que voa bruxão.

Não entendo o que ele quis dizer, mas passávamos perto da ‘Artol’ quando ele disse isso e parou o carro. Rapidamente o portão da ‘Artol’ se abre e Levy põe o carro pra dentro. A Artol era um lugar grande de muros vermelhos que ficava próximo ao terminal de ônibus de Jardim Brasil II, costumava ser uma antiga fábrica ou coisa do tipo, sei lá, nunca me interessei por aquela merda. Mas parece que essa merda vai salvar o dia, eu espero que sim.
Não consigo ver quantas pessoas estavam do lado de fora do carro, não via muitas pessoas.
Levy então sai do carro e eu corro ao encalço dele, finalmente vejo que quem abriu os portões para nós foi Gabriel, ‘Biel’, ‘Costa de Vaca’, ‘Joana Bezerra’... Gabriel era um cara alto e bastante gordo, dos olhos claros e do cabelo loiro que nós dizíamos antigamente ser irmão gêmeo de Kerekexe. Levy e Biel se olham um tempo e depois se abraçam, eu fico apenas ali encolhido atrás de Levy. Biel então inicia uma conversa:

- E ai ‘Dromedário’, porque tu demorou tanto pra aparecer? O pessoal tava ficando preocupado, cadê Kerekexe e o ‘fi do demônio’?.

Eu apareço por detrás dos ombros de Levy e dou um sorriso ‘amarelo’, só aceno para Biel. Enquanto Levy abaixa a cabeça e sussurra:

- Kerekexe ta morto, ele morreu lá na lan house a alguns dias, ou semanas.

Todos nós abaixamos a cabeça, eu aperto as mãos na perna, foi culpa minha.

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